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terça-feira, 27 de março de 2007

As férias da Páscoa estão a chegar, Frouxo!

Caríssimos leitores,
Aproxima-se mais uma quadra de férias pascoais.
É com esse espírito vos ofereço alguns pontos de reflexão para as merecidas férias. Um dos enigmas da proto-história da Escalada/Montanhismo que ainda hoje persistem.
Refiro-me a aquele tema, ainda hoje em aberto sobre o alegado mérito das ascensões de vias, em estilo alpino, abertas por Jesus “Cristo”, protagonista destes dias do calendário.

Vejamos:
Há quem lhe negue mérito, argumentando que não pode ser considerado grande escalador, montanhista ou alpinista, como queiram apelidar) e que o seu único feito de relevo foi a abertura da via Normal ao Monte Gólgota, a chamada “Via do Calvário” (Pd ou Ae/1c±, 25º), integrando uma expedição romana, de estilo pesado, pendurando-se várias vezes dos pitons instalados.
Se a estes elementos acrescentarmos que não sobreviveu à descida dá-se conta do pouco, que na verdade reverteu do seu feito. Se bem que há quem afirme que Jesus “Cristo” sobreviveu ao bivaque graças a umas vestes de ressu-rex, da firma então embrionária, Glori-tex. A mesma que mais tarde veio a estabelecer laboratórios de investigação das tecnologias do vestuário, em Turim.
Ficou, então, posta de parte a qualidade do estilo por não ter havido lugar a encadeamento no genuíno sentido do conceito. Os sagrados critérios aplicados nessa avaliação, ainda hoje se conservam, à custódia da Basílica de Oitänû, na Suécia.

O que é facto é que enquanto que a sua cruz estava equipada com pitons, as dos companheiros que com ele alcançaram o cume, tinham apenas algumas anéis de cordelete, o que levanta a questão, se de facto Cristo estava adiantado para a sua época pela utilização de equipamento fixo ou se por outro lado a sua subida aos céus foi de todo, pouco ética.

Há ainda que recordar que a ascensão foi precedida de um bivaque difícil, caracterizado pelo mau relacionamento com outros membros da expedição, correndo, à boca pequena, que teria havido abusos e recurso a bocados de corda dupla para frisar diferenças de opinião, diferenças essas teriam ficado visivelmente vincadas até…
Supõe-se que o tema de discussão versava a má distribuição do peso de equipamento entre os membros da expedição e papéis de liderança. Como se sabe, coube ao “Cristo” o transporte dos volumosos tacos de madeira, cruzados, como era usança de então, naquele tipo de ascensões. Por aqui se deduz muito da condição física e valor deste protagonista.

Ainda em seu mérito cumpre recordar as origens do cognome “Cristo”, o escalador oriundo da zona da Nazaré, adquiriu este epíteto, graças à criatividade na resolução daqueles passos difíceis, que tantas celestiais “portas” abrem, partindo exactamente, da posição de extensão lateral máxima dos membros superiores. Uma verdadeira revolução na análise da motricidade, aplicada à escalada.

No seio dos cépticos, há quem automaticamente impute à mentalidade campista dos primeiros tempos, todas as fórmulas de proceder questionáveis: “no fundo, tudo isto provém da inconsequência de acções dos antecessores”.
Ainda se contam relatos dos proféticos nomes sonantes de tempos anteriores, que na ânsia de fugir do bulício e stress das cidades egípcias teriam organizado rock-trips de numerosos elementos, o que , no entanto, surtiu pouco do ponto de vista do rendimento desportivo, visto que se veio a verificar que o destino escolhido, a dita terra de escalada prometida, afinal tinha demasiadas vias de presas polidas, e ao contrário do esperado, afinal corria mais vinho do que o leite e mel prometidos inicialmente.

Por último, há a destacar que há frases ambíguas, contidas nas biografias apócrifas de Jesus, de alguma forma contraditórias, como por exemplo na célebre frase: “Quem pelo ferro mata, pelo ferro morre”. Uns dizem que a mensagem contida é puramente anti-escalada desportiva e outros permanecem convictos de que se trata de um claro aviso aos que roubam protecções ou as martelam.

Talvez algum esclarecido leitor possa trazer luz sobre estas questões…

Boas férias!

terça-feira, 31 de outubro de 2006

a religião dos frouxos

Chuck Norris' dick is so big, it has it's own dick, and that dick is still bigger than yours*

Grande coisa. O El Carallon também tem uma pila própria. E dois testículos. Aliás, se não fosse essa segunda pila não sei como é que a malta fazia o passo. Eu bem vejo o pessoal a esticar-se, mãos nas invertidas, a subir os pés e a agarrar-se ao pequeno pirilau, exprimindo de seguida uma profunda sensação de alívio enquanto procedem ao agarre do carallon propriamente dito. Depois é vê-los a amarinhar por ali acima, visivelmente satisfeitos, abraçando fervorosamente o dito cujo em todo o seu esplendor. E um gajo fica a pensar como é bonita a obra de Deus. Sim, porque estou plenamente convencido que a escalada é obra divina. Já repararam como as presas das Buracas do Cagimil são ergonómicas? Mesmo à medida para serem agarradas. Bem sei que os geólogos hão-de ter uma explicação. Que a sedimentação isto e aquilo, patati patata. Mas eu não acredito nessas coisas. Deus dotou El Carallon de um segundo falo com o propósito claro de permitir a escalada daquela via. Ainda por cima o Senhor demonstra criatividade e sentido de humor, permitindo ainda que cada um de nós expresse a sua verdadeira natureza através da maneira mais ou menos entusiástica como se agarra ao supracitado badalo.
Noutro dia estava a escalar em solo uma via na rampa dos crocodilos - aquela onde penduraram uma corda com nós para ajudar o pessoal mais frouxo a subir. Quando parei para sacudir os braços e olhei para trás, reparei que há lá uma via com uma secção que não tem absolutamente nada para agarrar. Essa secção termina num enorme buraco para onde a malta lança a partir de duas presas, mais de um metro abaixo. Ou seja, Deus Todo-Poderoso criou aquele buraco de encomenda.
É por estes motivos que estou a pensar seriamente em fundar uma corrente religiosa (se disser “seita” parece que estou a querer gamar dinheiro ao pessoal - não que não seja verdade mas o segredo é a alma do negócio) que assenta no princípio de que a escalada é o reflexo da existência de Deus. Vou fundar um santuário bem na base do El Carallon, onde todos possamos contemplar o milagre. Será local de peregrinações cuja entrada (o dízimo) reverterá a meu favor com a desculpa de que é para equipar vias e substituir topes. Mas há mais. Vou convencer o pessoal de que o filho de Deus é Chris Sharma. Vou convidá-lo, a troco de uma mesada em erva, para andar a apregoar a fé entre os escaladores. Com aquelas rastas, o ar meio zen e meio desalojado e de flauta em punho, parece-me que a malta o vai seguir como ao flautista de Hamelin. Ele será o meu fiel apóstolo.

* Gamado daqui